Pode-se interpretar a ignorância, inicialmente, sob dois pontos de vista:
1. Condição própria de pessoas rudes, grosseiras.
2. Falta de estudo, de saber, de conhecimento do assunto ou crença em fatos falsos.
Neste artigo, vou me ater ao segundo ponto de vista. No que tange a esse entendimento, percebo que meu avô tinha razão quando, inconformado diante de certos fatos ou situações, dizia: “O maior mal da Humanidade é a ignorância”.
Embora seja natural NÃO entendermos de alguns assuntos, é contraproducente, negativo, imaginar que sabemos TUDO sobre determinadas questões. Sobre isso, li recentemente um artigo de Daniel Luzzi, publicado no linkedin sob o título “A síndrome da superioridade ilusória – os profissionais de palco”. Nessa publicação, o autor deixa claro que, frequentemente, a ignorância costuma despertar mais confiança do que o conhecimento. Esta síndrome, destaca ele, faz com que um indivíduo possuidor de pouco conhecimento sobre determinado assunto acredite saber mais do que outros verdadeiramente bem preparados.
Ignorar a própria ignorância é a doença do ignorante. Amos Alcott
A prepotência de certas pessoas me veio à mente, também, quando ouvi o especialista em RH e palestrante Adeildo Nascimento utilizar o termo “umbigolatria”, reforçando que o excessivo olhar para o próprio umbigo pode trazer sérios problemas para uma trajetória pessoal ou profissional.
Nos tempos atuais, as mudanças acontecem muito rapidamente, ou seja, faz-se necessária muita abertura e a capacidade de reaprender para realizarmos atualizações constantes de conhecimento. O interessante a destacar é que, quando reconhecemos as nossas limitações, temos oportunidade de nos unir a pessoas que podem nos complementar em termos de conhecimento e, desta forma, melhorar muito o nosso próprio desempenho nas mais diversas esferas de atuação.
Naturalmente, ninguém sabe tudo. Há contextos em que somos mestres, e outros em que estamos aprendendo. Entretanto, há pessoas que agem como sábios, mesmo ignorando praticamente tudo sobre determinada área do conhecimento. Nossa ignorância pode transparecer em diversas áreas, por exemplo:
• Financeira, quando não entendemos de taxas, aplicações, reservas financeiras, etc.
• Política, quando não conhecemos as tendências, os partidos, as diversas formas de governo, etc.
• Pessoas/relacionamentos, quando não percebemos que há diferentes maneiras de pensar, sentir e agir.
• Profissões, quando não somos especialistas em nossa profissão, mas opinamos com convicção maior do que os profissionais que estão na prática cotidiana.
• Organização/higiene, quando não conhecemos formas de organizar e manter limpo um ambiente.
• Hábitos saudáveis, quando não pesquisamos sobre maneiras melhores e mais modernas.
• Alimentação, quando não conhecemos os diferentes tipos de produtos, fabricação e origem, por exemplo.
• Atividade física, quando não conhecemos as várias modalidades e seus benefícios.
• Musical, quando não conhecemos os diferentes estilos, influências e tendências.
• Etc., etc., etc.
A ignorância, atrelada ao famoso “comportamento de manada”, fez muita gente acreditar, por exemplo, que o 13º salário seria extinto em decorrência da reforma trabalhista de 2017, embora a lei afirme, expressamente, que todo trabalhador contratado com carteira assinada tem direito a receber o 13º salário. Nesta mesma linha, há pessoas que passam a hostilizar indivíduos sem saber sequer a razão.
Interessante que as redes sociais ajudam a propagar a ignorância, mas também nos trazem ensinamentos. Ou seja, torna-se ainda mais necessário cultivarmos a humildade e o esforço pessoal para a aquisição de novos conhecimentos, sempre em busca de ricos debates, estudos gratificantes e pesquisas importantes sobre os diversos temas que se apresentam diante de nós, constantemente.
O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete. Aristóteles